Behind the Image - "Pinball Nissan"

 

Behind the Image - "Pinball Nissan"




Esse trabalho aconteceu em meados dos anos 2000, estávamos no recesso de final de ano, bastante cansados e repensando os rumos que a Platinum iria tomar. Nosso diretor Leonardo Vilela estava em Búzios, curtindo um dia de praia, quando seu celular toca. Era Diogo Mello, um diretor de arte amigo nosso com quem já havíamos trabalhado antes, e que tinha ido para Portugal. Ele nos “convocou” para um trabalho, no qual acreditava que só a Platinum conseguiria realizar essa idéia. 

Passado o briefing, Leo contatou o nosso outro diretor Flávio Albino, falando que tínhamos um novo desafio.e partir daí começamos a pensar em como realizar o projeto.


O job era um anúncio para a Nissan (fabricante japonesa de automóveis), com a foto do famoso jogo de fliperama, Pinball. O objetivo da campanha era mostrar a versatilidade do carro em diversos terrenos na qual o carro seria a bolinha do jogo que percorria todo o mapa. Na época, 15 anos atrás, o 3D ainda era muito cru, tínhamos recursos super limitados, ainda mais na parte de landscape, como é até hoje. Também não tínhamos banco de imagens por assinatura, então a produção delas teria que ser 100% autoral.


Com esses obstáculos, alugamos uma máquina de Pinball para deixar no estúdio, e com ela de referência começamos a reproduzir os terrenos em argila para alguns teste, mas a verdade é que não tínhamos ideia de como fazer aquilo. Fechamos o estúdio durante Janeiro inteiro apenas para esse projeto, porém mesmo após vários teste nada parecia funcionar. O tempo foi passando e não tínhamos enviado nenhum preview, o que preocupava bastante a todos, afinal Diogo estava sofrendo pressões do diretor, que não nos conhecia, e estavam todos muito longe.





Quando em um sábado, Diogo ligou para o Leo avisando que o diretor de criação viria ao Brasil na 2F para ver o andamento do trabalho. Ficamos muito preocupados, pois ainda não tínhamos nada! Com isso, Leo e Flávio se trancaram no estúdio, sem se dar ao luxo de sair, até pelo menos ter uma base de terreno. Para ser realista com o tempo e se planejar, Flávio sugeriu dividir a imagem em 8 partes, e focar apenas em uma parte das 8, para conseguir entregar alguma coisa segunda feira. 


A parte em que focaram, era aonde o carro saia (e já tínhamos o carro pronto em modelagem pelo menos), com uma ponte de madeira. Então decidimos colocar tudo o que colocaríamos em toda a imagem ali, naquele pedacinho. Inserimos fumaça, lama, ponte, efeitos e mais efeitos, fizemos tudo! Segunda feira tínhamos ⅛ da imagem pronta, com a famosa frase em mente “feito é melhor que perfeito” haha.


Na hora do grande encontro e de mostrarmos a imagem para o diretor, tentamos explicar que estava toda em clay ainda: “Então, está vendo esse pedacinho? A riqueza de detalhes que contém nele, vamos colocar na imagem inteira”

Silêncio total. 5 segundos de muita apreensão. Foi quando o diretor vira e fala com o em bom português “Isto está muito porreta vem cá dar um abraço”.  Nesse momento sentimos o mundo sair das nossas costas!!  


A partir disso ganhamos a confiança dele, começamos a trabalhar e entender melhor o processo do projeto. E assim fomos, fazendo pedaço por pedaço, trabalhando cada terreno, construindo e acrescentando.


A imagem ganhou diversos prêmios em Portugal, o que decolou a carreira de todos, tanto deles, quanto nossa, afinal foi o nosso primeiro trabalho fora do Rio de Janeiro, e ironicamente o primeiro internacional, pois nem em São Paulo havíamos conseguido nos integrar ainda. 

Somos muito gratos pela confiança deles, com certeza foi um trabalho desafiador mas que valeu muito a pena.




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